domingo, 7 de fevereiro de 2010

A chegada dos 'non gratae'


Reafirmo que o objetivo deste blog não é escrever sobre experiências de um pai inexperiente. Porém atualmente admito que será complicado pois penso, respiro e aprecio a todo instante Tomás.

A turma do Tomás cresceu!
Novos integrantes surgiram:
Icterícia: mulherzinha amarela que chegou logo no terceiro dia. Se deixar ela toma conta de tudo sem prever conseqüências. Já foi tarde graças aos bem aventurados banhos de luz e sol.
Fome: também chamada de subalimentação de acordo com Houaiss. Ser oculto de difícil identificação. Diferentes fatores contribuem para seu surgimento. Mas quando a orientação dos pais desde o inicio é correta de tão dissimulada nem se atreve a aparecer.
Queseráquetem: individuo misterioso sempre presente nos momentos de angústia e dúvida. Pode ser considerado um ser místico na medida que ninguém consegue decifrá-lo.
Leviana seria a afirmação de que estes foram bem vindos como os outros, mas não restam dúvidas que foram e são tão importantes como qualquer outro para a história da família.

***
Metáforas a parte, o certo é que algumas indesejadas situações estabeleceram limites. Limites de participação. Limites de doação.
Como Pai pensei que poderia suprir senão todas quase todas as aflições iniciais de meu Filho.
Ledo engano. Pura precipitação.
Há determinadas situações em que só a mulher, a mãe, pode, deve e consegue conduzir.
E não estou falando apenas da obviedade da amamentação.
Somente Ela suporta o desconforto do pós parto com sorriso confortante.
Apenas Ela é capaz de tirar forças onde não mais existe energia.
Só ela possui paciência inesgotável em momentos turbulentos.
Pais, admitamos: somos limitados. Limitados pela natureza.
Temos que participar onde nos é permitido agir, respeitar e servir de alicerce para Mãe e Filho progredirem na velocidade e no tempo que entenderem ser o melhor.
O laço de Mãe e Filho vem de tempo, vem do ventre, não é algo criado, foi formado e lapidado durante nove meses.
Da mesma forma não existe Pai pronto.
Por mais pretenso amor que se tenha, para ser Pai, aquele de ofício é necessário vivenciar, aprender, sofrer, refletir e ter consciência de seus limites.

Saber a hora de entrar e a hora de sair de cena é apenas o primeiro passo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Tomás e sua Turma


O objetivo deste blog nunca foi e não é escrever sobre bebês ou experiências de um pai de primeira viagem.
Mas diante dos recentes acontecimentos tornou-se inevitável não apresentar Tomás e sua turma:

Chegou o Tomás!
14.01.2010 às 7 horas e 05 minutos. Nasceu dormindo, em paz, tranqüilo e com saúde.
Junto com ele veio também sua turma: Placenta, Cordão, Mecônio, Colostro, Naná, Mamá, Cólica e Arroto.
Placenta e Cordão não se desgrudam. Sempre juntos protegeram Tomás durante nove meses. São como aquelas pessoas que passam pela sua vida e se vão deixando lembranças inesquecíveis.
Mecônio é um cara pastoso com aparência estranha e quando incomoda não se manca. Por outro lado sempre traz um alívio quando surge. É daqueles que arde e assopra ao mesmo tempo.
Já o Colostro, super parceiro. Daqueles que só fazem e querem o bem. Tá sempre a disposição. Abre caminho pra tudo que é bom e saudável.
Naná é uma tranqüilidade só. Chega de mansinho e põe ordem na vida dele e dos pais. Revigorante será companhia pra vida inteira.
Mamá chegou na verdade ontem. Tomás tá adorando e estão cada vez mais íntimos. Avisou que vai ficar no mínimo seis meses e depois vai ter que ir embora, mas deve deixar novos amigos. O único problema de Mamá é que com ela sempre vem o Cólica. Cara chato que aborrece todo mundo, porém de tão insuportável sua presença sempre é passageira.
Por último tem o Arroto. Tímido, temos que insistir para que apareça, mas quando vem é uma alegria só.
A mim só resta agradecer e dizer: Sejam todos bem vindos!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Atrás do azul e rosa só não vai quem ainda vive!

Experimente não querer saber o sexo de seu bebê.
Prepare-se!
Expressões indignadas de: “como assim não sabe?!” inundarão seu cotidiano, seguidas de: “nossa! como você consegue?”.
Compreendo, pois vivemos numa época de alta tecnologia onde a medicina prospera a cada dia em todas as direções e torna possível verificar cada vez mais cedo o sexo do bebê. Louvável.
Mas me pergunto: porque não posso ter uma surpresa e uma emoção a mais na hora do parto?
Parece algo proibido, algo inconcebível.
Porém, estas surpreendentes reações, demonstram o alto grau de automatização do pensamento e dos sentimentos atingidos pela sociedade contemporânea.
O que todos fazem ou querem, temos que fazer e querer, senão estamos “out”.
Conseqüência desta “particular” decisão vem a seguir: tente comprar roupa e acessórios para bebê que não seja azul ou rosa.
Entre numa loja. Parece que o mundo é formado de apenas duas cores.
Menino é azul. Menina é rosa, rosinha e rosa choque.
É impressionante, mas as pessoas esquecem de tantas outras cores e tons que o mundo nos oferece e que podemos vivenciar e explorar infinitamente.
Terminamos reféns de um mundo bicolor e o que é pior acabamos por condicionar nossas crianças ao mesmo erro e ao inicio precoce de um dos sentimentos mais sórdidos que um ser humano pode ter: o preconceito. Porque rosa é de menina! E azul é de menino!