quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Assassino de Saudades


A semana e os dias que antecederam o 'delito' transcorreram como friamente planejado, embora a ansiedade fora um elemento de desconforto.

As últimas horas então definitivamente não passavam.

Mas consegui manter o controle na medida certa ainda mais quando consegui duas cumplices pelo caminho (Lê e Marina) e isso sem dúvida fez com que tudo desse certo.

Havia muita gente no local como previsto. Algo que poderia atrapalhar. Entretanto, driblando um a um, logo chegou o momento.

Porém, o inesperado aconteceu. Tomás estava dormindo. Meu desejo de matar a saudade foi temporariamente adiado.

Fui obrigado à esperar. Contive-me.

Já havia matado muitas saudades, mas essa era a primeira entre a gente.

Até que no despertar o sentimento de estar presente me fez estar ao seu lado.

Seus olhos surpresos percorreram cada detalhe do meu rosto em permanente alegria.

A espera realmente valeu à pena.

Foi bom demais matar essa saudade.

Nunca imaginei que sentiria tanta satisfação em uma ação 'delituosa' dessa natureza.

Matei, mato e matarei quantas saudades aparecerem na minha vida.

Tornei-me um assassino confesso de saudades.






sábado, 21 de agosto de 2010

Depois de tanto tempo...


Faz tempo que não escrevo

Motivo?

Vários, porém nenhum que seja suficientemente convincente

Portanto, melhor não me alongar

Passou tanto tempo que o Tomás foi até "catolicamente" batizado

Simples e espontânea pressão aceita em razão da tradição

Inéditas sensações continuam surgindo quase que diariamente

Umas menos e outras mais intensas

Passar um final de semana só foi tranquilo.

Filho com a mãe acompanhados de Vó, madrinha, tios avós e primos...sossego

Mas a primeira noite chegando em casa com meu Sorriso e sem o Tom, parecia que estavámos esquecendo algo

Sei lá....um vazio

Ouvimos por aí que só depois de um tempo que o bebê se percebe indivíduo, ou seja, um ser separado da mãe

Entretanto pra mim Tomás sem a Bia? Como assim???

Exitei e confesso que passei alguns, no mínimo, estranhos minutos e pensei:

"Isso vai se repetir muito ainda. Bia, eu e o Tomás? Não tá? Não chegou?"
"É....nem da Mãe, nem do Pai, nem de ninguém, meu filho é do mundo mesmo"



sexta-feira, 21 de maio de 2010

Bia + Eu = Tomás


18 de maio de 2005, encontro as cegas.
Coração aberto e nada a perder.
Entrosamento total.
Que sorriso!
Novos horizontes os mesmos valores.
Vida renovada.
Quanta alegria.
Depois de 5 anos, o resultado.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

BTB - Big Tomás Brasil 2010



Não sou fã do Big Brother. Pra falar a verdade tenho várias restrições em relação a reality shows.
Nunca consegui acompanhar, mas já assisti episódios esporádicos em momentos de plena abdução televisiva. Ou seja, formei minha convicção com conhecimento de causa e não porque sou 'cult' demais.

É ver para crer. Após cada programa um vazio se instala na mente. Nada se aproveita. A não ser que você queira estudar o comportamento humano em um confinamento voluntário, de vida fácil, exibicionista, onde os candidatos se submetem a situações degradantes em troca de fama efemera.

Enfim, trata-se de mais um instrumento de alienação "global" que a sociedade consome de forma voraz.

Porém, confesso...não resisto ao Big Tomás Brasil 2010.

Através de uma super babá eletrônica acompanho de longe cada suspiro, cada piscar de olhos do Tomás. Mas ao mesmo tempo que me trás um passivo conforto sinto-me um invasor compulsivo.

Por isso não dá pra negar: BTB é praticamente um reality show.

Contudo, com diferenças cruciais.

É exclusivo, não tem merchandising, edição ou reflexões bialdianas exasperadas.

Atrás da lente apenas um pequeno ser, puro, curioso, belo, sensível, gracioso, amado, etc...etc...etc...o que torna esse reality simplesmente imperdível :)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Jacapóra, Hiporósa, Zulfante, entre outros


Tentar descrever os dois meses de vida do Tomás é tão dificil quanto ordenar a tormenta de sentidos e sentimentos vivenciados nos primeiros dias como Pai.

Tudo é muito bom, novo e também complicado.

Sempre ouvimos que ser Pai é maravilhoso, uma dádiva. Mas só.

As dificuldades raramente são ditas e expressadas de forma direta e honesta.

De árduo, no fim, parece que restam apenas as noites mal dormidas (fantasma que assombra dez entre dez pais de primeira de viagem).

Mas e as outras e reais dificuldades?

A rotina que muda radicalmente, os medos que afloram, os valores que são revistos, a visão crítica do mundo que se intensifica,...para onde vão?

Os dois primeiros meses são incríveis e empolgantes quando as coisas estão sob controle, quando não, sejamos sinceros é desconfortável e angustiante.

Porém, tudo se resolve com paciência, amor e acreditem muita criatividade.

Jacapóra, Hiporósa e Zulfante de simples adereços passaram a ser companheiros inseparáveis. A cada adormecer e a cada despertar estão lá firmes, coloridos e tranquilos, sempre ao alcance do ainda restrito campo de visão, demostrando que nada mudou a sua volta e que os sonhos podem ser retomados sem sustos.

Temos ainda os balões certamente mágicos flutuando pelo quarto, o Piróquio e o Passacú (junção de passáro com baiacú) que vivem ao lado do trocador testemunhando a invejável mira do Tomás.

Sem contar com as composições improvisadas quando se esquece ou realmente não sabemos a letra daquela música que vc não sabe porque motivo lembrou mas serviu para harmonizar o ambiente.

Enfim, exercitamos ambos os lados do cérebro intensamente tornando esses dois últimos (agora quase três) os meses mais incríveis de nossas vidas.

Témas

quinta-feira, 4 de março de 2010

Prazer: Tomás!


"Tô te devendo uma visitinha né?!".
"Olha desculpe ainda não ter ido, mas sei muito bem com são os primeiros dias. Depois com mais calma eu vou!"
"Só ainda não fui ver o bebê porque ainda não é hora. Quando tiver passado alguns meses eu vou viu!?"
"Quando der vou conhecer e levar um presentinho pra ele tá bom!?
Curiosidade. Afeição. Tradição. Satisfação. Dever. Consideração. Educação. Talvez um pouco de tudo, ou nada disso, simplesmente mais um devaneio de Pai para justificar tantas explicações.

Mas, independentemente do que seja, não se preocupem, nem se cobrem, de uma forma ou outra todos o conhecerão e será certamente um enorme prazer!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A chegada dos 'non gratae'


Reafirmo que o objetivo deste blog não é escrever sobre experiências de um pai inexperiente. Porém atualmente admito que será complicado pois penso, respiro e aprecio a todo instante Tomás.

A turma do Tomás cresceu!
Novos integrantes surgiram:
Icterícia: mulherzinha amarela que chegou logo no terceiro dia. Se deixar ela toma conta de tudo sem prever conseqüências. Já foi tarde graças aos bem aventurados banhos de luz e sol.
Fome: também chamada de subalimentação de acordo com Houaiss. Ser oculto de difícil identificação. Diferentes fatores contribuem para seu surgimento. Mas quando a orientação dos pais desde o inicio é correta de tão dissimulada nem se atreve a aparecer.
Queseráquetem: individuo misterioso sempre presente nos momentos de angústia e dúvida. Pode ser considerado um ser místico na medida que ninguém consegue decifrá-lo.
Leviana seria a afirmação de que estes foram bem vindos como os outros, mas não restam dúvidas que foram e são tão importantes como qualquer outro para a história da família.

***
Metáforas a parte, o certo é que algumas indesejadas situações estabeleceram limites. Limites de participação. Limites de doação.
Como Pai pensei que poderia suprir senão todas quase todas as aflições iniciais de meu Filho.
Ledo engano. Pura precipitação.
Há determinadas situações em que só a mulher, a mãe, pode, deve e consegue conduzir.
E não estou falando apenas da obviedade da amamentação.
Somente Ela suporta o desconforto do pós parto com sorriso confortante.
Apenas Ela é capaz de tirar forças onde não mais existe energia.
Só ela possui paciência inesgotável em momentos turbulentos.
Pais, admitamos: somos limitados. Limitados pela natureza.
Temos que participar onde nos é permitido agir, respeitar e servir de alicerce para Mãe e Filho progredirem na velocidade e no tempo que entenderem ser o melhor.
O laço de Mãe e Filho vem de tempo, vem do ventre, não é algo criado, foi formado e lapidado durante nove meses.
Da mesma forma não existe Pai pronto.
Por mais pretenso amor que se tenha, para ser Pai, aquele de ofício é necessário vivenciar, aprender, sofrer, refletir e ter consciência de seus limites.

Saber a hora de entrar e a hora de sair de cena é apenas o primeiro passo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Tomás e sua Turma


O objetivo deste blog nunca foi e não é escrever sobre bebês ou experiências de um pai de primeira viagem.
Mas diante dos recentes acontecimentos tornou-se inevitável não apresentar Tomás e sua turma:

Chegou o Tomás!
14.01.2010 às 7 horas e 05 minutos. Nasceu dormindo, em paz, tranqüilo e com saúde.
Junto com ele veio também sua turma: Placenta, Cordão, Mecônio, Colostro, Naná, Mamá, Cólica e Arroto.
Placenta e Cordão não se desgrudam. Sempre juntos protegeram Tomás durante nove meses. São como aquelas pessoas que passam pela sua vida e se vão deixando lembranças inesquecíveis.
Mecônio é um cara pastoso com aparência estranha e quando incomoda não se manca. Por outro lado sempre traz um alívio quando surge. É daqueles que arde e assopra ao mesmo tempo.
Já o Colostro, super parceiro. Daqueles que só fazem e querem o bem. Tá sempre a disposição. Abre caminho pra tudo que é bom e saudável.
Naná é uma tranqüilidade só. Chega de mansinho e põe ordem na vida dele e dos pais. Revigorante será companhia pra vida inteira.
Mamá chegou na verdade ontem. Tomás tá adorando e estão cada vez mais íntimos. Avisou que vai ficar no mínimo seis meses e depois vai ter que ir embora, mas deve deixar novos amigos. O único problema de Mamá é que com ela sempre vem o Cólica. Cara chato que aborrece todo mundo, porém de tão insuportável sua presença sempre é passageira.
Por último tem o Arroto. Tímido, temos que insistir para que apareça, mas quando vem é uma alegria só.
A mim só resta agradecer e dizer: Sejam todos bem vindos!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Atrás do azul e rosa só não vai quem ainda vive!

Experimente não querer saber o sexo de seu bebê.
Prepare-se!
Expressões indignadas de: “como assim não sabe?!” inundarão seu cotidiano, seguidas de: “nossa! como você consegue?”.
Compreendo, pois vivemos numa época de alta tecnologia onde a medicina prospera a cada dia em todas as direções e torna possível verificar cada vez mais cedo o sexo do bebê. Louvável.
Mas me pergunto: porque não posso ter uma surpresa e uma emoção a mais na hora do parto?
Parece algo proibido, algo inconcebível.
Porém, estas surpreendentes reações, demonstram o alto grau de automatização do pensamento e dos sentimentos atingidos pela sociedade contemporânea.
O que todos fazem ou querem, temos que fazer e querer, senão estamos “out”.
Conseqüência desta “particular” decisão vem a seguir: tente comprar roupa e acessórios para bebê que não seja azul ou rosa.
Entre numa loja. Parece que o mundo é formado de apenas duas cores.
Menino é azul. Menina é rosa, rosinha e rosa choque.
É impressionante, mas as pessoas esquecem de tantas outras cores e tons que o mundo nos oferece e que podemos vivenciar e explorar infinitamente.
Terminamos reféns de um mundo bicolor e o que é pior acabamos por condicionar nossas crianças ao mesmo erro e ao inicio precoce de um dos sentimentos mais sórdidos que um ser humano pode ter: o preconceito. Porque rosa é de menina! E azul é de menino!